O conforto e a mesmice podem nos ser lícitos por tempos, mas não necessariamente nos convém. Não nos convém ainda que gostemos de tais conveniências! Tem que ter muita consciência para saber separar o que convém daquilo que é conveniência. Percebo uma necessidade que temos como seres humanos, especialmente santos que buscam o aperfeiçoamento, de sermos desconfortados! Convém que sejamos desconfortados porque a todo tempo e naturalmente, só buscamos o conforto. Sim, justamente isso! Gostamos de moleza. Eu diria que o povo perece porque os sacerdotes são frouxos, estão indiferentes e resignados! Corriqueiramente o Senhor nos convida a abandonarmos nossas zonas de conforto atuais!
Enquanto escrevo isso, observo minha esposa - que hoje entra na décima quinta semana de gestação de gêmeos, reclamando um pouco dos incômodos causados pelas mudanças e transformações no seu corpo. Ela se vira de um lado para o outro da cama repetidamente, procurando uma posição melhor, dizendo que sente que os seus órgãos estão se apertando e que o seu útero está se esticando. Isto é normal. Certa vez, disse um profeta: "Sofre dores e esforça-te, ó filha de Sião, como a que está para dar à luz" (Mq 4: 10a). Acredito que estamos vivendo transformações e mudanças; sem esforço, não se dá a luz! Interessante que quarenta semanas e/ ou nove meses falam a respeito de um tempo de preparação! O povo caminhou por quarenta anos. Josué que personifica uma nova ordem, tinha quarenta anos quando seu pai o enviou.
Para que as promessas se cumpram é necessário perseverar! Lembremo-nos de Josué ao conquistar a terra:
"Tinha eu quarenta anos quando Moisés, servo do Senhor, me enviou de Cades-Barnéia para espiar a terra; e eu lhe relatei como sentia no coração. Mas meus irmãos que subiram comigo desesperaram o povo; eu, porém, perseverei em seguir o Senhor, meu Deus. Então, Moisés, naquele dia, jurou, dizendo: Certamente, a terra em que puseste o pé será tua e de teus filhos, em herança perpetuamente, pois perseveraste em seguir o Senhor, meu Deus. Eis, agora, o Senhor me conservou em vida, como prometeu; quarenta e cinco anos há desde que o Senhor falou esta palavra a Moisés, andando Israel ainda no deserto; e, já agora, sou de oitenta e cinco anos. Estou forte ainda hoje como no dia em que Moisés me enviou; qual era a minha força naquele dia, tal ainda agora para o combate, tanto para sair a ele como para voltar." (Js 14: 7-11)
O verso 9 diz que "ENTÃO" Moisés jurou que a terra seria de Josué. Somente quando Josué e Calebe perseveraram, foi que receberam a terra por herança! Quando Moisés mencionou a perseverança de Josué, quis dizer sobre estar cheio, estar completo, estar consagrado, estar concluído, ser pleno, se satisfazer ou estar terminado. São todos sinônimos, ou seja, Moisés indicou que Josué se completava, se satisfazia ou era pleno, somente quando seguia o Senhor.
Isso mostra portanto que nossa herança está condicionada à nossa decisão. Somos nós quem decidimos perseverar ou desesperar, e principalmente somos nós que arcamos com as decorrências de tais decisões! Se perseverarmos então a terra será nossa! Observemos o “se” e o “então”! Muitos dos nossos irmãos que começaram conosco se desesperaram e como se não bastasse, multiplicaram o desespero a outros ainda; Nós porém perseveramos em seguir o Senhor nosso Deus! Não apenas seguimos o Senhor, mas perseveramos em seguir o Senhor!
Alguns acham que é suficiente seguir o Senhor, sem se importar em perseverar. Não basta seguir é necessário perseverar! Ainda que redundantemente, seguir sem perseverar é muito pouco. Somos abundantes ou nos completamos somente quando perseverarmos. Não quero que fique subentendido que o “perseverar” serve apenas para o tempo pretérito, mas para os tempos presente e futuro inclusive. Persevere sempre em servir àquele que era, que é e que há de vir!
Já se passou bastante tempo desde que o Senhor disse que nos daria essas terras, porém continuamos fortes e "tal era a nossa força naquele dia, tal ainda agora para o combate"! Nossa força continua a mesma porque preferimos nos esforçar. Têm sido uma decisão! Nossa força se revela pelo nosso esforço! Diz o Provérbio 24: 10: “Se te mostras fraco no dia da angústia, a tua força é pequena”. A todo o momento mostramos nossa força ou a falta dela. Precisamos definitivamente nos dar conta que somos vocacionados para combater, para brigar, para ocupar. Estamos num combate! Isto é sacerdócio o resto é mentirinha. Precisamos aprender a combater. Precisamos compreender e utilizar as posições, estratégias e linguagens de combate, para que obtenhamos um êxito maior e ocupemos a terra!
Intercedo junto ao Pai e também junto a todos, para que tenhamos o mesmo compromisso do apóstolo Paulo: "pois tendes o mesmo combate que vistes em mim e, ainda agora, ouvis que é o meu." (Fp 1: 30). E no final da carreira: "Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda." (2 Tm 4: 7-8).
Vocacionalmente falando, nascemos para perseverar, combater e ocupar!
Sejam todos plenos em seguir o Senhor. Um forte abraço!
No amor de Cristo e cooperando com Ele, Kelvin.